Como expor o flash e não estourar o fundo?
Comenta se você não olhou com outros olhos o seu equipamento
É certo que você já viu essa cena no Youtube: um ensaio fotográfico em uma locação ensolarada, um fotógrafo suando em bicas, tecendo elogios rasgados a um mega hiper flash potente (e caríssimo), disparado em High Speed Sync em f/2.8 e 1/8000 s, distante um palmo de uma modelo amiga ou parente próxima, sorridente por estar derretendo no calor.
A razão para o uso da usina de força compacta, plugada no modificador gigante, é a sua capacidade única de “vencer o Sol”.
Provavelmente você até já comentou: “em breve, chego nesse nível!”
Você já chegou.
Certa vez, disparava o flash SB-600 no modo Master, usando o pop-up da D200 em Wady Rum, na Jordânia. Campo aberto, uma temperatura infernal, a pequena cabeça do Menino do Rio decidiu que os 50ºC do deserto não eram páreo para sua couraça de Ipanema.
O Sol foi impiedoso: sangue seco surgia de uma ferida no topo da cabeça, explica o turbante branco que usava nos dias seguintes.









Potência para vencer o Sol?
A primeira lição que o flash proporciona é impossível de ser aprendida na luz natural: governado pelo número guia, seu flash lhe revela que para uma determinada distância e exposição, qualquer fonte luminosa precisa despejar sempre a mesma quantidade de energia luminosa na cena, mais luz e a modelo é superexposta!
Com 4 pilhas pequenas, seu flash “muito potente” faz isso milionésimas vezes mais rapidamente que um “menos potente”, mantendo a lâmpada acesa por menos tempo, mas a quantidade, nos dois casos, precisa ser rigorosamente igual.
Caso a velocidade daquilo que fotografa seja menor que a de um bailarino dançando, então essa variação de tempo é insignificante, na maioria dos casos, você não precisa de um flash potente, você só precisa de um flash.
Qualquer um.
Dos genéricos aos de marca, o flash quebra a rigidez da exposição da luz natural, permitindo que várias velocidades sejam usadas com a mesma abertura e implode facilmente um conceito que você treinou por anos: não existem 3 pilares.
Quem vence o Sol é o Sol, não importa qual luz o fotógrafo utilize, todas elas tem só um caminho para chegar até sensor da sua câmera: a abertura de sua lente.
Como as luzes contínuas precisam de mais tempo de exposição, também são controladas pelo obturador da câmera, não pela potência do flash.
Para as iluminações ultrarrápidas - como qualquer Godox, Youngnuo, Nikon, Canon - a abertura da sua lente precisa da única informação que controla a intensidade da luz: a distância da fonte.
Duas exposições diferentes são amarradas pelo número f/, a única forma de escoar luz até o sensor: uma depende do tempo de exposição e controla quanto da luz ambiente surge na sua foto; a outra depende da distância precisa da fonte luminosa e regula como o assunto principal e seu entorno serão iluminados.
Distância da fonte e abertura, prazer, eu sou o Número-Guia.
Juro que tenho a leve desconfiança que o batizaram como “guia” por algum motivo…
Você não escreve, dosa a luz.
"Taís, vamos caminhar 6 horas pelo deserto, eu clico você em várias poses enquanto testo a luz até dar certo."
”Claro, Renato, hoje é um bom dia, podemos caminhar mais do que 6 horas, vamos?”
Um sonho assim é difícil de acontecer, normalmente a realidade é o pesadelo de “temos 30 minutos apenas” e um “método” baseado em tentativa e erro jamais será mais criativo que as normas certeiras da técnica.
Você sabe o caminho mais rápido e econômico para a criação de imagens poderosas.
A habilidade mais valiosa da internet.
Eu procurei uma sombra e um banco, para que o conforto deixasse o convite irrecusável, a exposição do flash é mental, depende do que você quer na foto, apesar de ser uma decisão inicial sua, pode esbarrar em um detalhe técnico: a velocidade de sincronismo.
Os escombros dos 3 pilares
Para iluminar todo o sensor, a luz do flash precisa encontrar a janela do obturador completamente aberta, caso contrário, as sombras das cortinas surgem na imagem, isso só ocorre em velocidades te 1/180 s e 1/250 s em todas as mirrorless e DSLRs.
Num dia claro, nos horários mais intensos de luz, a trava da velocidade de sincronismo revela seu alcance: em ISO 100 e 1/250 s a abertura correspondente deve estar em torno de f/16.
Pânico geral, tudo em foco, muita profundidade de campo….
A tecnologia encontrou uma solução engenhosa para quebrar essa barreira: fracionar a luz em pacotes menores, capazes de acompanhar a fresta veloz no obturador, o HSS ou High Speed Sync.
Mas nem tudo são flores:
Fragmentar a intensidade luminosa significa aproximar geometricamente o flash da sua modelo.
Tem uma lei que regula isso, uma só…

Um flash de alto número guia consegue ser usado próximo e bem distante do assunto, é a sua maior (e cara) vantagem, o fotógrafo adquire controle absoluto sobre a distribuição de luz na cena.
Ao entrar no modo HSS, o flash só pode ser usado próximo ao assunto, gerando uma luz mais contrastada.
A solução? Fácil, coloca um modificador de 2 metros na frente do flash, estrangulando o bicho em mais alguns pontos. De tão pequena, a pouca distância exige horas de Photoshop, limpando o softbox gigante que aparece em todas as imagens.
Resumindo: você desfoca a locação linda, usando aberturas que sacrificam a qualidade de imagem e exigem velocidades tão altas que estrangulam o flash, aquele que você comprou para agilizar seus ensaios.
A distância reina, tanto na criação quanto na iluminação
Imagine-se ao meu lado, fazendo essa foto da Fernanda Motta na Austrália, logo cedo pela manhã ensolarada, como queremos velocidade abaixo do sincronismo, não tem jeito, ISO baixo também!
50, nesse caso.
Após meses ou anos treinando com luz natural, seu primeiro impulso é medir a luz na própria modelo, como ela está na sombra, a diferença tende a estourar o fundo em alguns pontos, o resultado é lindo e responde a dúvida do Wagner de Assis (@cedrophotos) de porquê os fundos das fotos ficam “estouradaços”:
Você expôs para a sombra, mas quer justamente o oposto, medir no céu para provocar escurecer o primeiro plano, que será iluminado na intensidade, direção e qualidade que desejar.
Controle absoluto
Eu ajustei a câmera para prioridade de velocidade (S na Nikon, TV na Canon) e medi um pedaço do céu, sem pegar o Sol: f/8 com 1/250s, repare que essa exposição agora é líquida, é possível brincar com ela.
Já tinha minha abertura, faltava determinar a distância do flash: de 2 a 3 metros, to estimando, o suficiente para ficar fora do quadro, em 3 segundos é possível descobrir a carga precisa, e não a “potência máxima" .
Compensei 1 ponto na abertura por conta da sombrinha e tinha tudo na mão, sem cálculo, chutes ou fotômetros.
f/6.3, ISO 50 e 1/250 s….olha novamente para seu equipamento, qualquer câmera, qualquer lente, a qualquer hora, uma sombrinha e a foto sai pronta em instantes!
Você já está dentro do jogo!
Eu poderia perfeitamente deixa-lo nessa pauta qualquer que fosse sua câmera/lente e partir para essa abaixo, criamos uma linha de montagem capaz de produzir belas imagens velozmente, com o melhor de cada equipamento.
Quanto vale a sua tranquilidade?
Olhe novamente para sua câmera, lente e flash: qual a sensação de descobrir que o equipamento que você já possui seria capaz de criar as imagens que sempre sonhou nos locais mais deslumbrantes do planeta?
Em vez de surfar por horas a fio no mar desencontrado das dicas rápidas no Youtube, que tal dar uma chance a uma teoria simples e poderosa, que permite o controle absoluto de qualquer fonte luminosa, a qualquer hora e lugar e da forma mais rápida possível?
Que tal se diferenciar pela maestria na execução imediata, em vez da lentidão da manipulação no Photoshop? Perder tempo decidindo quais fotos são as mais lindas do ensaio, em vez das poucas que serão salvas?
A função da técnica é domar a angústia, já bastam as dúvidas inerentes a uma sessão fotográfica, a preocupação de ter ou não equipamento ou capacidade de realizá-la, não pode ser uma delas!
Lembre-se de que iluminação nunca foi difícil, é apenas mal explicada, olhe como sua compreensão sobre o assunto mudou com um simples texto como esse, imagine como seria um treinamento completo online, com acesso vitalício a uma comunidade no Telegram onde eu elimino suas dúvidas e oriento constantememte a sua evolução fotográfica?
Imagine a diferença que o ALTAS LUZES DENSAS SOMBRAS faria na sua vida?