Não existem 3 pilares na Fotografia.
E isso muda tudo o que acreditamos sobre luz e técnica: um convite à reflexão.
Criei a OBSCURA com o objetivo de descrever uma nova teoria sobre a iluminação fotográfica, uma ideia que fui desenvolvendo ainda como aluno nos primeiros cursos de iluminação. Desde então, minha atenção tem sido capturada por simplificações desnecessárias, erros recorrentes e a busca por respostas mais claras.
Sem dúvida, a Fotografia é a mais rígida das artes, não é à toa que ganha o nome de “Arte Exata”. Nossa única matéria prima é totalmente regulada por fortes imposições físicas e matemáticas e, mesmo com todo esse rigor, fico espantado como ainda somos capazes de criar bilhões de formas diferentes de ver.
A sofisticação minimalista que tanto buscamos nas nossas imagens está guardada na maior das restrições que nos regula: vivo/morto, alto/baixo, dia e noite, claro e escuro, a lista é longa! A dualidade das nossas vidas é tão bem representada por um único número.
A prova inconteste de um Criador risonho e generoso é que, embora tenha criado séries infinitas de números, deixou os dobros e metades como a única brecha para a criação do nosso infinito particular.
Ao longo das próximas postagens eu vou descrever todo esse pensamento e peço que você, meu caro leitor, me dê o benefício da dúvida. Irei demolir uma estrutura não só aparentemente funcional, como também bem pulverizada no ensino de fotografia.
Finalmente consegui, depois de décadas me debruçando sobre a técnica, desenvolver um novo método que chamo de “A Engrenagem”, ele pode ser resumido em 5 pontos primordiais:
A introdução ao Método
Os “3 Pilares da Fotografia” não existem
Antes que abandone esse texto, entenda que existe apenas um conceito que se desdobra em outros 5 parâmetros distintos: abertura do diafragma, tempo de exposição, sensibilidade ISO, carga da luz e a distância da fonte luminosa.
Cada repetição não só reafirma a força do conceito, como favorece a compreensão fotográfica, esses elementos funcionam como vasos comunicantes: ajustar um deles inevitavelmente impacta os outros.Não existe separação entre o manejo da câmera e o controle da iluminação
Esse é quase um sub-item do 1º pensamento, mas não há o corte geralmente visto nas escolas de fotografia, o fluxo de pensamento é contínuo, por isso o batizei de “engrenagem”. A barreira é comercial: algumas pessoas simplesmente não estão interessadas em dominar a luz artificial, querem só praticar fotografia com luz natural, para isso, realmente os “3 pilares” bastam. E tudo bem!A Lei do Inverso do Quadrado da Distância precisa ser ajustada na Fotografia
Essa é mais fácil de visualizar: afaste a fonte para 2 metros, a intensidade da luz cai para ¼, mude para 3 metros e a intensidade vai para 1/9, afaste para 5m e agora a intensidade está em 1/25 da original. Fascinante, não é?
Mas falhamos justamente na essência do dever de um fotógrafo: observar!
Essas distâncias precisam ser reajustadas para que suas intensidades coincidam com o padrão imposto pelo diafragma, nossos flashes nos dão uma ajuda quando revelam a sequência correta de intensidades: 1, ½, ¼, ⅛, 1/16, 1/32, 1/64, 1/128.
Mas como encontrar as distâncias certas? A resposta nos leva para o 3º ponto:O número f/ esconde informações preciosas.
Muito além de controlar a profundidade de campo, ele guarda um poder de cálculo e ajuste que é subutilizado por fotógrafos, em menos de 10 segundos é possível interpretar essa camada oculta sem precisar de cálculos complexos, tentativas e erros, decorebas ou acessórios extras.O número-guia é a chave que destrava todo esse entendimento.
Ele é a pedra de Roseta da iluminação fotográfica, traduzindo e amplificando a Lei do Inverso do Quadrado para flashes e todas as outras fontes de luz. No entanto, esse conceito essencial permanece desconhecido para a maioria dos fotógrafos.Estas ideias, que estou ansioso para explorar com vocês, são um convite para um pensar diferente na fotografia, o maior diferencial para um fotógrafo. Como artistas que lidam com a luz, podemos e devemos refinar nossa forma de observar, analisar e criar.
Conclusão
Deixo, então, duas perguntas para reflexão:
Você já parou para questionar os fundamentos do que aprendeu sobre fotografia?
Quais dogmas fotográficos você acha que poderiam ser revisitados?
Estou ansioso para ouvir sua opinião e, quem sabe, aprender algo novo com você. A caixa de comentários está aberta para esse diálogo, vamos juntos?
Boa luz & Boa Sorte
Renato Rocha Miranda